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Qual é o grande pressuposto para se alcançar a santidade? É a pessoa ter uma capacidade de falar extraordinária que faça comover os corações? É alguém possuir uma vasta cultura teológica e filosófica conhecendo de cor todos os versículos da escritura, todas as obras dos Santos Padres e doutores da Igreja? É um homem possuir uma força de vontade descomunal, capaz de arrostar todas as dificuldades para alcançar seu objetivo? Qual deverá ser o principal requisito para se atingir esse fim para o qual deve tender todo ser humano na face da terra? É nada mais nada menos que através da virtude da humildade.

Para se possuir essa virtude é necessário, antes de tudo, reconhecer o próprio nada, considerar-se pequeno, diante da infinita Majestade de Deus, a qual se vê como que conquistada, concedendo graças especialíssimas de luzes e forças para se trilhar o caminho da virtude. É por essa razão que afirmou o Divino Mestre: “Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos” (Mt  11, 25)

Santos houve de todas as classes na História da Igreja: houve santos mártires, santas virgens, santos confessores, santos pobres, santos ricos, santos reis, santos nobres, santos plebeus, santos burgueses, homens, mulheres, adultos, crianças, jovens, anciãos, negros, brancos, amarelos, vermelhos…Não há limite que possa condicionar a busca da santidade, a não ser a falta de reconhecer-se pequenino diante de Deus, contingente, necessitado de seu auxílio.

Tal estado de espírito pode-se perfeitamente perceber na vida de um pequenino servo de Deus: Nelsinho Santana. Nascido de uma família simples da zona rural do município de Ibitinga (SP), era um menino em tudo semelhante aos outros. Gostava de brincar, empinar pipa, fazer pequenas travessuras etc. Sobretudo, o que mais lhe causava agrado era auxiliar seu amado pai em seus duros trabalhos.

Certa feita, uma aparente pequena fatalidade lhe aconteceu: caiu um tombo, no qual sofreu uma luxação no braço esquerdo. Foi ao hospital Santa Casa de Araraquara, onde ficou internado, sendo-lhe ministradas nesse local, por uma religiosa, suas primeiras noções de catecismo. Como continuação de sua via dolorosa, teve que ver seu braço amputado, sofrimento que padeceu com verdadeira e alegre resignação. Resignação e inocente alegria que o acompanhou em todos os momentos de sua vida a partir de então, fazendo-o um modelo heróico de virtudes cristãs, sofrendo com verdadeira placidez e compreensão de seu papel as dores que lhe provocavam o câncer que havia aparecido na estrutura óssea da parte superior desse membro, o qual permaneceu mesmo após sua extração. Como grande consolação recebeu de presente a sua Primeira Eucaristia, implorando posteriormente a graça de ter essa sagrada visita todos os dias.

Certo dia, manifestou ao sacerdote que o acompanhava desejo de passar o próximo Natal no Céu, ao que este exclamou: “Mas o Natal ainda está longe!”  Ao que ele respondeu: “Não faz mal! Assim eu tenho mais tempo para me preparar” E foi justamente o que se passou com esse menino. Eis que no dia 24 de dezembro de 1964, após haver recebido o Santíssimo Sacramento com grande devoção, anunciou para a irmã que o acompanhava, a qual desejava preparar um presépio para comemorarem juntos o Natal, que não havia necessidade de fazê-lo pois, naquele dia, ao cair da noite, Jesus o levaria para o céu. E foi justamente o que se deu… Naquela noite às 19 horas, sua alma voou para junto de Jesus, pelo qual manifestou em sua curta vida, apenas nove anos, um profundíssimo afeto. Foi, efetivamente, comemorar o seu Natal com o seu tão amado Menino Jesus…

Seus restos mortais repousam na cripta da Igreja Senhor Bom Jesus, em Ibitinga, sua cidade natal, onde a Cavalaria de Maria esteve em missões entre os dias 19 e 25 de março do presente ano de 2012.

(Adaptado da obra “Nelsinho para todos”, do Pe. Gerhard Rudolfo Anderer, CSsR)